A Ágora, na Grécia Antiga, era a praça principal na constituição da pólis, a cidade-Estado. Lá, no berço da democracia, por volta do século VIII a.C., eram tomadas as principais decisões que afetavam a vida de todos. As ágoras eram, por excelência, espaços de cidadania.
De lá para cá, as democracias se desenvolveram para o sistema representativo, do qual o Brasil é signatário, através dos políticos que colocamos nas instituições públicas das diferentes esferas de poder para nos representar.
O advento das mídias sociais, surgidas no meio da primeira década dos anos 2000 (no início, os expoentes eram Orkut, Facebook, MySpace, Twitter, etc), revigorou o conceito de Ágora e nos faz refletir sobre o nosso atual modelo de democracia representativa, em que poucos se sentem representados.
Tal sentimento levou, a partir de 2013, a manifestações em várias partes do mundo, iniciadas ou potencializadas a partir das redes sociais, como a “Primavera Árabe”, entre 2010 e 2012, passando pelo “Não é só 20 centavos” aqui no Brasil, em 2013 que, no desenrolar dos acontecimentos, levou ao impeachment da presidente Dilma Rousseff. Manifestações articuladas, em sua grande maioria, na “ágora digital” das mídias sociais. O mesmo sentimento – e as mesmas mídias sociais – que protagonizaram manifestações semelhantes em Wall Street e no Egito (2011) e em outros países árabes (muitos deles nada democráticos).
Por meio das redes atuais, como Whatsapp e Telegram, vimos a popularização de outro fenômeno, as fake news, feitas para serem compartilhadas deliberadamente, aproveitando o efeito de rede e compartilhamento exponencial, reforçando as “bolhas digitais”, criando novas amizades e desfazendo outras, inclusive entre famílias.
Não se pode, porém, atribuir apenas às mídias sociais o papel de cúmplices em todas essas manifestações políticas. Um verdadeiro aparato tecnológico composto por celulares modernos, câmeras, filmadoras e aplicativos que transmitem em tempo real pela internet são aliados essenciais desse fenômeno: as chamadas Novas Tecnologias da Informação e da Comunicação (NTIC). É sobre elas – e os impactos que elas causam nesse admirável mundo (já não tão) novo e em nossas vidas – que falaremos neste espaço a partir de agora. E você, leitor, é meu convidado!